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Mineralidade que alimenta

O húmus revolvido no título do livro Terra Fresca de sua tumba, da autora Giovanna Rivero, pode levar leitores desavisados a um olhar mórbido que nem de longe consegue definir as linhas traçadas por ela.

Os seis contos que compõem o livro, ao leitor apresentado por Carola Saavedra com o posfácio de Paloma Franca Amorim, são permeados por tensão e soltura, medos e memórias, chegadas e partidas de histórias cravadas entre os sentidos do leitor e suas raízes mais profundas.

A morte e seu gérmen ínfimo que se movimenta no nauseante retorno de um náufrago, que deságua em dores e culpas maternas ou, nas relações que mais parecem luz e escuridão em uma mesma dobradura. São contos permeados pela mansidão cega que encontra furor nas injustiças e no uivo de dor de animais que nos incorporam como camadas de terras de todos os tipos. Entre eles há uma mineralidade carregada de traumas, assédios, dor e pulsão de vida cultivada pela autora sobre o olhar de dor indizível que a morte pode apresentar.

Com as palavras de Giovanna Rivero “os corpos procuram naturalmente o que os alimenta” o livro Terra fresca da sua tumba pode ser sorvido em digestão lenta, arrancando do leitor palavras silenciosas como raízes sem promessas, nada do que possa ser enterrado.

Izabel Lemos, professora e arte-educadora.

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